Video Cenário Roda da Fortuna

Video-cenário para Ópera Eletrônica Roda da Fortuna – 2005

André Scucato e Cristina Pinheiro possuem um olhar profundamente deslumbrado pelas possibilidades técnicas do cinema, especialmente as da edição não-linear que o vídeo possibilita. São os efeitos de cor, de textura, de corte, de sobreposição, são as possibilidades da própria câmera, o diafragma, o zoom, o foco, a portabilidade. É um trabalho muito deslumbrado com a possibilidade de fazer cinema, um trabalho com grande frescor, com grande energia.

Marcelo Ikeda

Roda da Fortuna é uma ópera eletrônica com piano, música eletrônica e um videocenário que acompanha todo o espetáculo. Ao todo foram 14 vídeos que, somados, ultrapassam 50 minutos de duração.

Vídeo Cenário Roda da Fortuna

As gravações foram realizadas em Porto Alegre, em Belo Horizonte, em Tiradentes, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.


O espetáculo estreou em São Paulo no dia 7 de outubro de 2005, no teatro Alpha, sob direção de Alan Castelo. E, em 2006, na sala Baden Powell, com direção de Luis Arthur Nunes.


O espetáculo pretendia renovar a ópera por meio das artes e das novas tecnologias. Com participação da cantora lírica Ana Maria Rigoto e da pianista Sica Malaguti, a obra contou com os figurinos de Patrícia Muniz e direção Musical de Alexandre Elias e Flávia Costa. O videocenário foi realizado pelo grupo Cinema de Poesia.


Roda da Fortuna tem como principal proposta ampliar o alcance do canto lírico através de uma linguagem contemporânea, usufruindo livremente de todas as artes (música, cinema, dança…), buscando uma nova abordagem para a música clássica que, no Brasil, há muito está associada à ópera e à elite.

Vídeo Cenário Roda da Fortuna

Ao realizar os vídeos, era preciso pensar na sua utilização cênica, nos cenários, na interação entre a projeção, na música, na atuação e na iluminação no palco – um trabalho no qual se percebe uma intensa polifonia artística.

Para a realização desse efeito, entre a plateia e a cantora, toda a boca de cena foi coberta por um fino pano preto, um filó vazado por centenas de furos. Esse método resultou em um aspecto estético interessante.

A projeção podia ser percebida no primeiro plano como se uma tela invisível estivesse na frente do espetáculo que ocorria no palco. Entretanto, era possível notar a projeção refletida no figurino, no cenário e no fundo do palco, conforme percebemos nas imagens abaixo.

Vídeo Cenário Roda da Fortuna

Começa o estudo da projeção entre o cinema e o palco, possibilitando novas narrativas na comunhão dessas duas artes. As fotos a seguir mostram a visão da cantora e da pianista em relação ao público, que está em lado oposto ao das imagens projetadas.

Vídeo Cenário Roda da Fortuna

Textos também eram projetados, adicionando um outro elemento à abertura da obra para a construção narrativa pelo espectador. A matriz do texto foi escolhida pelo diretor Luís Arthur, retirada de diversos livros de poesia, compondo um diálogo entre a poesia e a cena do espetáculo. Os trabalhos foram desenvolvidos a partir das cartas do Tarot.  O nome de cada trabalho se refere diretamente ao seu nome correspondente nas cartas.


Na imagem abaixo, o texto anuncia a carta de Tarot número 22, ou seja,  o  mundo.

Vídeo Cenário Roda da Fortuna



ABERTURA – UM OUTRO VERSO DO ESPAÇO VIRTUAL – 2005

Os argumentos iniciais e a direção na criação dos vídeos foram realizados em conjunto com Alan Castelo, que havia trabalhado anteriormente na construção do videocenário The Play. Para o início do espetáculo, a proposta era a criação de um universo, uma linguagem alienígena. O desafio era construir um vídeo com imagens geradas a partir de distorções e efeitos possibilitados pela edição digital não linear. Ao todo, 90 % das imagens nesse trabalho foram geradas por computador, recebendo o nome de Um outro verso do Espaço Virtual.

Abertura - Um outro verso do Espaço Virtual

O Mago – 2005

Duas atuações foram necessárias para a produção desse trabalho. A primeira, de Eduardo Strucchi, realizada no palco de um teatro, interpretando o papel de Puc na peça Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare, produzida pela companhia de teatro Soberanos, sob a direção de Victor Vaughan. A iluminação fantástica de Giba de Oliveira, que desenhou o chão de uma floresta com focos de luz, foi a base para o trabalho estético e para a construção da narrativa.

O Mago

O desafio era demonstrar o princípio básico da magia, a flutuação, conseguida a partir da pintura de um vestido. Utilizando o pano do figurino como base para a composição de um outro espaço natural, foi possível obter a sensação de flutuação.


Eduardo Struchhi interpretou o primeiro mago. Ele atuava na peça como Puc, uma espécie de divindade mágica. Aplicando os estudos de movimentação de câmera e pintura aprendidos na série Poetas,  pôde-se realizar esse trabalho, colocando o personagem no centro da objetiva e pintando o segundo plano. O mesmo processo foi realizado com o segundo mago, interpretado por Cristina Pinheiro, em espaço aberto.

Eduardo Strucchi ____________ Cristina Pinheiro

Enamorados – 2005

O curta-metragem Enamorados é a união de imagens de beijos clássicas encontradas no final do filme Cinema Paradiso e trechos da peça 3,14 – A Matemática gera emoção, de Alan Castelo. Em cena, Mariska Michialin e o manequim Antonhy Py formam o casal que aparece em composição com as imagens cinematográficas. O grupo Cinema de Poesia tece, desse modo, uma homenagem ao teatro e ao cinema.

Enamorados

No campo sonoro, o estudo consiste em realizar uma rima entre o som e as falhas, os pequenos defeitos, como fios que aparecem na imagem, conseguindo uma sincronia.

O Carro – 2005

Trabalha-se o conceito de caminho, estrada, procura, onde os pés se movem como cavalos sobre a terra do mundo, do urbano, da floresta. Andar sempre. O caminhar como a  única razão para locomover essa máquina de ossos, carnes e sentidos chamada homem. Para ilustrar imageticamente o trabalho, imagens de pés, andares e corridas foram registradas. O vestido utilizado no mago foi captado durante a gravação dessas cenas.

O Carro

O Eremita – 2005

O eremita, antes de tudo, representa a solidão, o homem, a natureza entregue à reflexão e ao pensamento. A imagem inicial colhida na natureza é a imagem do próprio ermitão, possível pela incidência dos raios de sol refletidos em folhas e no tronco de uma árvore. Desse modo, ilustra-se a afirmação do poeta Antonin Artaud, em que a poesia vem antes da objetiva.

O Eremita

O olhar poético alcançado pelo domínio técnico da ótica da câmera possibilita a personificação da imagem. A partir de elementos da natureza, cria-se vida, imagens, personagens, eremitas. Parte-se em busca de uma imagem-tinta a partir da solidão encontrada naturalmente, como o leve balançar de uma folha que se transforma em uma pintura em movimento.

O Eremita

A Força – 2005

A pintura a partir do cinema e do teatro era o objetivo pretendido. De todos os trabalhos da série, este é o de maior dificuldade técnica, sendo necessária a utilização de três softwares de tratamento de imagem para conseguir as texturas necessárias. Após 230 horas de trabalho e estudos, foi possível atingir a textura próxima à pintura desejada. Como base, foram gravadas imagens no teatro, onde Alan Castelo representa a figura do Homem Universal

Alan Castelo - A Força

Além das imagens captadas no palco, foram utilizados trechos de filmes em que aparecem cenas de touradas. É um trabalho artesanal, realizado quadro a quadro sobre as imagens, aproximando sua textura da pintura.

A Força


A MORTE DO ENFORCADO – 2005

Aqui se mostra a pele do ator como tela para o quadro. Estuda-se a luz e a fotografia para que, na edição, as possibilidades possam ser potencializadas. A pintura como maquiagem da cena, do figurino, dos gestos, da ação, passa a ser utilizada como recurso dramático.

A Morte do Enforcado - Alan Castelo

A TORRE – 2005

Na simbologia do Tarot, a carta Torre significa destruição, quebra e desestruturação. Grandes construções e prédios no centro da cidade do Rio de Janeiro foram registrados para compor a base de imagens deste filme.


Partindo das estruturas de edifícios de grandes centros urbanos, compostas por cenas bélicas, o trabalho possui uma aceleração forte, até as estruturas serem consumidas pelas chamas. A pintura agora entra na imagem interna dos edifícios.

A Torre

ESTRELA – 2005

A esperança germinada no nascer de uma criança, um novo universo após a destruição. Imagens de ultrassom e da ingenuidade infantil, compondo o nascimento de uma estrela, interpretada por Giovanna Labella.

A Estrela - Giovanna Labela

O Sol – 2005

Para realização desse curta-metragem, foram associadas várias imagens relacionadas a altas temperaturas, como o deserto e o sol. Com a função de compor um cenário, o maior desafio foi a realização de uma explosão de calor na construção de um sol composto de tinta.     Para a realização dos efeitos no final do filme, foram utilizadas 99 camadas de imagens. Para calcular 10 segundos de efeito foram necessários cinco dias de processamento do computador.

O Sol

A LUA – 2005

A Lua foi o primeiro trabalho a ser realizado da série Roda da Fortuna. O objetivo e o desafio eram, a partir de outros elementos encontrados nos centros urbanos, criar uma lua. Para a realização desse trabalho foram utilizadas imagens de uma luminária, registradas na cidade de Porto Alegre.

A Lua

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